E a avalanche da quebradeira continua a fazer vítimas desde lá atrás quando a crise se instalou por todos os lados do nosso imenso país. Isto explica os impressionantes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado hoje (14), sobre o número de empresas que fecharam as portas no Brasil em 2014, superando a quantidade de aberturas. Pela primeira vez, desde 2008 quando começou a pesquisa, o instituto registrou mais empresas fechando do que abrindo no país: saíram 944 mil empresas, enquanto as entradas somaram 726,3 mil.

Uma prova cabal desta triste realidade está nos dados fornecidos pela Serasa Experian sobre a quantidade de pedidos de recuperação judicial em 2016, que aumentou nada menos, que 61,2% de janeiro a agosto, comparado com ano passado. Desde a mudança na Lei de Falências, esse é o maior número em 10 anos.

"E a saga continua! Todos os dias aparecem novos dados, dando conta de micros, pequenas e médias empresas que fecharam suas portas por não suportarem a queda nas suas vendas. Se não bastasse a recessão em que estamos, temos um Custo Brasil com sua altíssima carta tributária, uma inflação exorbitante e taxas de juros impraticáveis no mercado de crédito, que inviabiliza qualquer operação comercial neste nosso Brasil", explica Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

No ano de 2014, pela primeira vez desde 2008, quando começou a pesquisa, a diferença entre o número de empreendimentos que entraram e saíram no mercado foi negativa. As saídas totalizaram 944 mil empresas, enquanto as entradas somaram 726,3 mil. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, as entradas foram 16,7% menores e provocaram um recuo de 4,6% de pessoal ocupado assalariado, em comparação com 2013. Já as saídas mostraram um aumento de 35,7%, causando uma perda 0,3% maior do que em 2013 de pessoal ocupado assalariado.

“Entre 2013 e 2014, a taxa de saída das empresas cresceu 6,1 pontos percentuais, passando de 14,6% para 20,7%, a maior taxa da série, iniciada em 2008, e correspondendo a um total de 944 mil empresas que saíram do mercado”, ressaltou o estudo.

Ainda segundo a pesquisa Demografia das Empresas, em 2014, as entradas representaram um acréscimo de 847,1 mil pessoas assalariadas. As saídas, porém, corresponderam a um decréscimo de 525,7 mil pessoas assalariadas.

Em relação a 2013, houve um decréscimo de 4,6% no número de empresas, ou 217,7 mil, queda de 0,2% no pessoal ocupado total, 71,1 mil, e crescimento de 0,5% do pessoal ocupado assalariado, 170,4 mil.

 

 

(Foto: Reprodução / IBGE)

 

 

Taxas de entrada é a menor desde 2008

Segundo o instituto, todas as seções de atividades mostraram crescimento nas taxas de saída de empresas do mercado, entre 2013 e 2014. A taxa de entrada caiu de 18,3% em 2013 para 15,9% no ano seguinte, a menor desde 2008. Entraram em atividade, em 2014, 726,3 mil empresas.

Já a taxa de sobrevivência ficou em 84,1%, também a maior da série. No entanto, esse total de empresas sobreviventes, ou 3,8 milhões, foi inferior ao verificado em 2013.

"As maiores elevações foram apuradas em Outras atividades de serviços, com 10,5 pontos percentuais, Artes, cultura, esporte e recreação, 8,7 pontos percentuais, Construção, 7,9 pontos percentuais, e Informação e comunicação, com 6,8 pontos percentuais", afirmou o estudo.

O IBGE informou ainda que todas as seções de atividades, exceto Eletricidade e gás, mostraram recuo nas taxas de entrada de empresas no mercado.

"As maiores reduções foram verificadas nas seções Indústrias extrativas (-4,9 pontos percentuais); Construção (-4,0 pontos percentuais); e Artes, cultura, esporte e recreação; e Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (ambas com -3,5 pontos percentuais)", apontou o estudo.

 

 

(Foto: Reprodução / IBGE)

 

 

Comércio

A pesquisa mostrou também que o comércio foi a atividade que registrou tanto os maiores ganhos como as maiores perdas em pessoal ocupado assalariado derivados dos movimentos de entrada e saída de empresas em 2014.

“A atividade revelou, contudo, ganho absoluto no pessoal ocupado assalariado, com um saldo positivo de 118,2 mil pessoas”, disse o IBGE.

O setor do comércio representa 44,9%, ou 2 milhões do total de empresas e também se destacou em relação ao número absoluto de empresas que entraram, ou 289,3 mil, saíram 437,7 mil, e sobreviveram 1,8 milhões, representando, 39,8%, 46,4% e 45,8% do total das empresas para cada movimento, respectivamente.

Do total de 847,1 mil de pessoal ocupado assalariado gerado pelas empresas que entraram no mercado, as atividades com as maiores participações relativas foram Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas, com 252,9 mil (29,9%); Construção, com 146,5 mil (17,3%); e Alojamento e alimentação, com 104,1 mil (12,3%), segundo o instituto.

O comércio também se destacou entre as atividades das empresas que saíram do mercado, entre o total de 525,7 mil de pessoal ocupado assalariado: reparação de veículos automotores e motocicletas, com 134,7 mil, ou 25,6% do total; Indústrias de transformação, com 118,8 mil, ou 22,6%; e Atividades administrativas e serviços complementares, com 85,4 mil (16,3%).

 

Sobreviventes

No ano, 39,6% das 694,5 mil empresas que nasceram em 2009 ainda estavam ativas no mercado. “Ou seja, cinco anos após o nascimento, mais de 60% das empresas não sobrevivem”, ressaltou o instituto.

De 2010 a 2014, as seções de atividades que apresentaram as taxas mais altas de sobrevivência foram saúde humana e serviços sociais, com 55,3%, atividades imobiliárias, 51,5%, e atividades profissionais, científicas e técnicas, ou 47,3%.

 

4,6 milhões de empresas ativas

O Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) tinha 4,6 milhões de empresas ativas que ocupavam 41,8 milhões de pessoas. Destas, 35,2 milhões, ou 84,2%, como assalariadas e 6,6 milhões, ou 15,8%, na condição de sócio ou proprietário.

Os salários e outras remunerações pagos pelas entidades empresariais totalizaram R$ 939,8 bilhões, com um salário médio mensal de R$ 2 030,70, equivalente a 2,8 salários mínimos mensais médios. A idade média dessas empresas era de 10,6 anos, informou o estudo.