Já tem data certa para começar uma rodada de demissões na fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo. A empresa anunciou que vai demitir parte de seu efetivo a partir de 1º de setembro, quando acaba a estabilidade dos funcionários que participaram do Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

Segundo a diretoria da empresa, não se tem ainda um número fechado de funcionários que serão dispensados. No mês passado, a indústria automobilística fechou 1.147 vagas. Nos últimos 12 meses, são 8.919 empregos a menos. "Seja lá quantos forem o número de demitidos, a verdade é que o país não suporta mais essa devassa no mercado de trabalho, quando trabalhadores sofrem ao perderem seus empregos", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Após adotar várias medidas de corte de produção e de continuar operando com menos da metade de sua capacidade instalada, a Mercedes-Benz comunicou aos trabalhadores nesta semana que vai demitir parte de seu efetivo na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

A empresa alega ter 1.870 funcionários ociosos. Em protesto, os metalúrgicos suspenderam a produção de caminhões e ônibus ontem e ameaçam novas manifestações.

As demissões devem ocorrer a partir de 1.º de setembro, após o fim da estabilidade prevista para os funcionários que participam do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), de três meses nesse caso.

O diretor de comunicação e relações institucionais da Mercedes-Benz, Luiz Carlos de Moraes, confirma os cortes, mas diz que ainda não há definição de números. Segundo ele, a empresa tinha 2,5 mil excedentes, num total de 9,8 mil funcionários e abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV), mas obteve apenas 630 adesões.

Moraes afirma que, desde 2014, a Mercedes adotou várias medidas, como férias coletivas, PPE e lay-off. A fábrica tem 1,4 mil trabalhadores em licença remunerada desde fevereiro e, ainda assim, opera em média com um dia a menos por semana. “Não temos mais alternativa a não ser a redução do quadro”, diz ele, que afirma estar em negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

“Tentamos apresentar medidas alternativas, mas a empresa se mostrou irredutível. Sabemos que há queda na produção, mas acreditamos que existam outras formas de atravessar este período, como a renovação do PPE, layoff, ou outros instrumentos que preservem empregos”, diz Aroaldo Oliveira, vice-presidente do sindicato. “Vamos insistir na busca de soluções e nos manter mobilizados”. A paralisação de ontem foi de advertência e os funcionários voltam ao trabalho hoje.

Nesta semana, trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo fizeram acordo com a montadora, aceitando, entre outras medidas, cinco meses sem aumento real nos salários e abertura de um PDV para evitar 3,6 mil demissões, número também contabilizado pela fabricantes como excedente, em um total de 10,5 mil empregados.

Mais cortes. No mês passado, a indústria automobilística fechou 1.147 vagas. Considerando os últimos 12 meses, são 8.919 empregos a menos. O setor tem hoje 127.986 funcionários, o menor contingente desde 2009, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Além disso, as montadoras têm 26 mil trabalhadores em programas que visam reduzir a produção. Desse grupo, 21 mil estão inscritos no PPE, com redução de jornada e salários em até 20%, e 5 mil estão em lay-off (contratos suspensos por até cinco meses). Em ambos os casos, parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A produção de caminhões no País acumula queda de 24,5% de janeiro a julho ante igual período de 2015, com 36,3 mil unidades. Também foram produzidos 10,8 mil ônibus, 31% e menos que no ano passado.