"Quem diria! Depois de chegar a ser uma das maiores empresas exploradoras de petróleo e gás do mundo, a Petrobrás hoje busca alternativas para poder sucumbir à crise em que se meteu. Bilhões de reais foram sugados de seus cofres para realização de negócios escusos, como compra de refinaria com valor superfaturado entre outros, além de se dizer que outros bilhões acabaram nas mãos de diretores e pessoas inescrupulosas, que se apoderaram dos recursos da empresa para favorecimento pessoal ou de partidos políticos. A conseqüência dessa engenharia danosa e extremamente cara, é que agora só restou para a empresa passar a conta para os funcionários, demitindo 43% de seu quadro gerencial. Ou seja, 2.279 trabalhadores na rua para se somar aos mais de nove milhões de desempregados que o país tem hoje, observa Canindé Pegado, presidente do SINCAB".

A Petrobrás fará uma profunda revisão do modelo de governança. Ontem, após reunião do conselho de administração, a companhia informou que vai reduzir em 43% os 5.300 cargos de gerência, o que significa uma redução de 2.279 vagas. A Petrobrás quer economizar R$ 1,8 bilhão por ano, o que inclui custos diretos e também o de estruturas e do pessoal auxiliar.

A meta de corte foi ultrapassada, já que inicialmente a companhia contava com a extinção de 1.590 cargos (30% das gerências), e não os 1.900 inicialmente informados pelo Valor. Uma fonte informou que existiam casos absurdos em que um único empregado estava subordinado a seis gerentes.

O quadro da estatal está inchado, apesar das reduções já realizadas. A empresa tinha 86.111 funcionários próprios em 2013, que se somavam aos 360.180 terceirizados, empregados de empresas prestadoras de serviços diversos. O número vem caindo. Desde 2014, quando a companhia lançou o Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), 5.902 empregados aderiram. Em dezembro eram 78.470 funcionários concursados e 158.076 terceirizados.

Ao apresentar as mudanças no início do ano, o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, disse que elas permitirão maior velocidade e segurança nas decisões, além de preservar a capacidade técnica. O gerente executivo de finanças, Gustavo Tardin, foi confirmado no cargo.

Já Isabela Mesquita Carneiro, de Novos Negócios, foi para a área de Relações com os Investidores. No lugar dela assumiu Luis

Antonio costa. As novas posições passam a valer a partir de segunda-feira.

Todos os gerentes confirmados nos cargos passaram pelos testes de conformidade, exigência imposta dentro da Petrobrás desde a criação da diretoria de governança, risco e conformidade dirigida por João Elek. Quem não passa, por alguma razão, não pode ocupar cargo executivo e é cortado de qualquer lista de promoção.

Ontem o conselho de administração da estatal também aprovou a indicação de Hugo Repsold para a diretoria de Recursos Humanos, Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) e Serviços da Petrobrás.

O movimento já era esperado desde a fusão da diretoria de gás e energia, que ele dirigia, com a de abastecimento. A extinção da diretoria de gás e energia - cujo primeiro diretor foi o senador Delcídio Gomes do Amaral - tinha sido anunciada no fim de janeiro, quando Repsold estava na Bolívia. O executivo passa a ocupar o lugar de Antônio Sergio Santana, único diretor que perdeu o cargo ontem.

Os demais foram reconduzidos ontem e algumas das diretorias mudaram de nome. A diretoria de exploração e produção permanece com Solange Guedes, que está no posto desde fevereiro do ano passado, quando toda a diretoria de Graça Foster pediu demissão. Ivan Monteiro, braço direito de Bendine, continua no financeiro e relacionamento com investidores.

Elek continua na diretoria de governança; Roberto Moro na de desenvolvimento da produção e tecnologia (antes engenharia, tecnologia e materiais); e Jorge Celestino Ramos na de refino e gás natural. Segundo a Petrobrás, o novo modelo de governança fortalece o mecanismo de responsabilização dos gestores. A companhia também anunciou a criação de seis comitês técnicos estatutários, formados por gerentes executivos.