Com medo de perder o emprego através da privatização, funcionários da BR Distribuidora e da Liquigás entraram em greve à 0h desta segunda-feira (15) em pelo menos quatro estados contra o possível novo modelo de controle das empresas.

"Trata-se do processo de retomada das privatizações de empresas estatais brasileiras, que começaram nos anos 1990 e que demitiram milhares de trabalhadores em todo o país, além de encarecer e precarizar os serviços prestados a população. Para se ter uma ideia, entre 1995 e 2005, o número de empregados em empresas privatizadas nesse período caiu de 95.000 para 28.000 trabalhadores, assinalando uma queda superior a 70%.

Enquanto isso, nessas mesmas empresas, a lucratividade saltou de 11 bilhões de reais para 110 bilhões de reais, um aumento de 900%. É mais uma dose amarga do remédio ineficaz usado sob pretexto da melhoria da qualidade dos serviços oferecidos, responsável por acelerar o processo de terceirização da economia e precarização das relações de trabalho, aumentando o desemprego e diminuindo a renda dos assalariados" revela Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

No ano passado, o conselho da BR havia aprovado a venda de pelo menos 25% da unidade de distribuição de combustíveis da estatal. Na ocasião, a empresa informou que foram recebidas três propostas, que após análise, "não atenderam aos objetivos da Companhia". Com isso, o atual processo de venda foi encerrado.

Em julho deste ano, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a alteração do modelo de venda de uma parte da BR Distribuidora. Pelo novo modelo, a Petrobras deverá compartilhar o controle de sua unidade de distribuição de combustíveis.

 

Veja a situação nos estados:

Minas Gerais

O sindicato que representa as duas empresas e cerca de 50 empregados fazem manifestação nesta manhã em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Sitramico-MG), Leonardo Freitas, a motivação da greve é a possível privatização das empresas. “Somos contra a privatização. Repudiamos e não aceitamos porque não sabemos como ficarão os empregos."

A manifestação era feita em frente à portaria principal da BR Distribuidora e, de acordo com o sindicalista, cerca de 200 caminhões estavam do lado de fora da base e eram impedidos de entrar e serem carregados. Freitas explicou que em princípio a greve seguirá até a próxima sexta-feira (19) – data em que será realizada uma assembleia para avaliar os rumos do movimento.

 

Pernambuco

Desde as 7h, nenhum caminhão teve permissão para entrar na área de abastecimento da base da BR Distribuidora, da Petrobras, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, no Grande Recife. Por dia, 300 veículos recebem gasolina para levar para as revendedoras no estado e para outras cidades do Nordeste. A paralisação tem o apoio de outros sindicatos, como o que defende os petroleiros.

Por causa do movimento, postos de três bandeiras sentirão mais o impacto e poderão ficar sem gasolina para revender: Petrobras, Ipiranga e Shell. “Essas empresas usam a base de Suape para abastecer os caminhões. Acredito que hoje à tarde alguns postos deverão ficar sem combustível. Os caminhões realmente não estão entrando na base”, afirmou o presidente da entidade no estado, Valmir Falcão.

 

Amazonas

Funcionários da Refinaria de Manaus (Reman) paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira. O ato, que deve durar cinco dias, é contra a privatização da Petrobras. A manifestação ocorreu em frente à sede do estabelecimento, no Distrito Industrial 1, Zona Sul da capital. O protesto afetou a passagem de veículos no local.

 

São Paulo

Cerca de 100 funcionários do setor de distribuição da rede de Postos Petrobras e da Liquigás Distribuidora realizaram na manhã desta segunda um ato em frente à Refinaria de Paulínia (Replan), em Paulínia (SP), contra a demissão de funcionários terceirizados. Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro), as demissões atingem de 30% a 40% dos terceirizados, o que acaba sobrecarregando outros funcionários.

Por conta do ato, os serviços nos terminais de distribuição dos postos de combustíveis e da companhia de gás foram paralisados das 4h às 9 horas, o que atrasou o abastecimento dos caminhões. Uma longa fila foi formada em frente à Replan.