O Brasil continua sofrendo um processo muito forte de falta de confiança do consumidor, diante da piora das expectativas no mercado de trabalho e dificuldade da economia de engrenar uma recuperação. A FGV apresentou dados mostrando que o Índice de Confiança do Consumidor caiu 3,3 pontos, para 79,1 pontos em novembro. A retomada da confiança tanto de consumidores como de investidores é tida pelo governo como primordial para a recuperação econômica do país.

"A questão da confiança do consumidor é tida como fundamental para redefinir os rumos da economia. Com um número tão alto de desempregados no país fica difícil apostar num consumo robusto e em novos investimentos por parte do empresariado. É certamente um cenário nebuloso, onde a maioria das pessoas não se arrisca a gastar e vêem o futuro com certo ceticismo", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A confiança do consumidor brasileiro caiu em novembro, interrompendo seis sequências seguidas de alta, diante da forte piora das expectativas em meio à piora crescente no mercado de trabalho. A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou nesta quinta-feira que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 3,3 pontos, para 79,1 pontos em novembro, depois de ter atingido no mês anterior o nível mais alto desde dezembro de 2014.

Essa foi a primeira queda no indicador desde que o presidente Michel Temer assumiu a Presidência do país e sua equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, coloca em prática forte ajuste fiscal no país.

O principal motivo para o resultado, segundo a FGV, foi o recuo de 4,9 pontos do Índice de Expectativas (IE), para 87,7 pontos, interrompendo também seis altas consecutivas, num momento de falta de perspectivas para o consumidor com aumento do desemprego e dificuldade da economia de engrenar uma recuperação.

"Na falta de notícias positivas no front econômico e dada a contínua deterioração do mercado de trabalho, uma parcela dos consumidores brasileiros reduziu o otimismo em relação à perspectiva de melhora no horizonte de seis meses", destacou em nota a coordenadora da sondagem do consumidor na FGV, Viviane Seda Bittencourt.

O Índice da Situação Atual (ISA) também recuou, 1,1 ponto, para 67,9 pontos, o menor nível desde julho passado (65,7 pontos).

Segundo a FGV, o indicador que teve maior peso para a queda do ICC neste mês foi aquele que mede o otimismo em relação à situação econômica geral no futuro. Após acumular ganhos de 30,9 pontos entre junho e setembro, ele soma queda de 6,2 pontos no bimestre outubro-novembro.

Houve ainda redução da confiança em todas as faixas de renda, sendo o mais forte nos consumidores que têm renda familiar na faixa de R$ 2.100 a R$ 4.800.

A retomada da confiança tanto de consumidores como de investidores é tida pelo governo como primordial para a recuperação econômica do país.

Entretanto, o próprio Ministério da Fazenda piorou esta semana a projeção para a atividade econômica este ano a retração de 3,5%, vendo em 2017 expansão de apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Estamos em um quadro inflacionário um pouco mais benigno e também entrando num ciclo de afrouxameno monetário. Isso deve proporcionar algum alento para o consumidor, já que pode fundamentar melhora para o componente de demanda", disse o economista da Tendências Rafael Bacciotti.

A inflação no Brasil vem mostrando sinais de descompressão, mas continua elevada. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, acumulou em 12 meses até novembro avanço de 7,64 por cento, acima da meta de inflação — de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais.

Além disso, mesmo depois de o Banco Central ter cortado a taxa básica de juros em outubro e a expectativa seja de nova redução na próxima semana, a Selic permanece em nível elevado, a 14% atualmente.

 

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