Despencou e trouxe a reboque a maior demonstração dos efeitos maléficos causados pela recessão em curso no Brasil. Apesar de ser um dos setores com maior influência no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o setor de serviços recuou 2,4% em outubro e teve sua pior participação na série histórica iniciada em 2012. O setor de serviços é o de maior participação no produto e no emprego no Brasil. Este setor envolve diferentes ramos na contabilidade nacional: transportes, comunicações, comércio, instituições financeiras, administrações públicas etc. Ele responde por mais de 50% do PIB brasileiro.

"Temos um setor que movimenta bilhões de reais por ano e produz muita riqueza em todo o país. Mas, com a recessão brutal que se espalhou pelo país afora, ficou difícil as famílias manterem os gastos e começaram a apertar os cintos. Foi-se a época em que as pessoas tinham dinheiro sobrando para gastar com restaurantes, cabeleireiros, cinemas, teatros, viagens e serviços de um modo geral. Agora chegou o momento de cortar despesas", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A fraqueza do setor de serviços se agravou no início do quarto trimestre e registrou em outubro a maior queda da série histórica iniciada em 2012, em um ambiente de demanda prejudicada pela forte recessão.

O volume de vendas do setor recuou 2,4% em outubro na comparação com o mês anterior, o terceiro mês seguido de perdas, no pior resultado mensal da pesquisa.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou ainda nesta quarta-feira (14) que, na comparação com outubro de 2015, a queda no volume foi de 7,6%, a 19ª seguida e também a maior para a série iniciada em janeiro de 2012 nessa base de comparação.

O resultado foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de contração anual de 5,5% em outubro, na mediana das projeções dos economistas consultados.

"A recessão explica essa piora do setor de serviços em outubro, que mudou de patamar. Esperamos que seja o fundo do poço", disse o coordenador da pesquisa no IBGE, Roberto Saldanha.

O IBGE destacou o desempenho das atividades de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, com queda de 7% no mês; serviços de informação e comunicação, com recuo de 3,1%; e serviços profissionais, administrativos e complementares, cujo volume apresentou perdas de 1,9%.

O agregado especial das atividades turísticas, ainda segundo o IBGE, mostrou queda de 1,3 por cento em relação a setembro.

A inflação de serviços desacelerou ligeiramente a alta em novembro a 0,42%, sobre 0,47% no mês anterior, com a recessão afetando a demanda de maneira geral e levando à desaceleração do IPCA.

Apesar da alta menor dos preços de serviços em novembro, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) apontou que as expectativas das empresas do setor atingiram no mês passado o nível de otimismo mais baixo em três meses devido à situação econômica frágil que afeta o país.

"Para esse cenário negativo se reverter, precisa da retomada do crescimento. Os serviços dependem muito da indústria e dos governos, que passam por momentos difíceis e cortaram muito suas demandas e encomendas", completou Saldanha.

 

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