Nem concluída está a Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, já se encontra a venda. A terceira maior Hidrelétrica do mundo tem como controladora a Norte Energia, concessionária que administra a usina e passa por dificuldades com atrasos de obras e escândalos. O problema é que o empreendimento está envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do consórcio construtor de Belo Monte, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e outras cinco empreiteiras menores.

O valor patrimonial de Belo Monte é estimado em R$ 10 bilhões. A Hidrelétrica que começou a ser construída em junho de 2011 em meio à forte oposição de ambientalistas brasileiros e internacionais, de algumas comunidades indígenas locais e de membros da Igreja Católica, sofreu com sucessivas reduções do escopo do projeto, que originalmente previa outras barragens rio acima e uma área alagada total muito maior.

Entre solavancos e atrasos na obra, o fato é que a usina só será concluída em 2019 e ainda exigirá investimentos de, pelo menos, R$ 5 bilhões. Quando pronta a usina produzirá 11.233 megawatts (MW) de energia, e terá consumido mais de 31 bilhões de reais, ante os 18 bilhões orçados no início das obras.

Mesmo com os escândalos e as obras atrasadas em bilhões de reais a serem gastos para a conclusão do empreendimento, existem algumas empresas chinesas interessadas no negócio. A State Grid e China Three Gorges são as candidatas no momento.

O problema é que a celebrada agilidade da indústria chinesa em projetos de construção civil não vale para a floresta amazônica. A entrega da linha de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte, maior projeto do setor no País, com 2,1 mil quilômetros de extensão e custo de R$ 4,5 bilhões, está com seu cronograma totalmente comprometido, por causa de atrasos sucessivos nas obras da gigante chinesa Sepco, empreiteira que assumiu a responsabilidade de construir um trecho de 780 quilômetros de linhas do empreendimento.

O eventual atraso na linha de transmissão impacta, diretamente, o consumidor de energia de todo o País em sua conta de luz, já que a energia gerada pela hidrelétrica de Belo Monte já foi contratada pelas distribuidoras. Com ou sem linha de transmissão, a usina tem que ser remunerada porque cumpriu sua parte no acordo.

"Ou seja, temos uma Hidrelétrica inacabada, que custará 31 bilhões de reais aos cofres da nação e é vítima de investigações de propinas, além de operar no mínimo de sua capacidade. Por outro lado, temos uma empresa chinesa sem a devida capacidade de construir um linhão de transmissão, atrasando a distribuição de energia para toda a região sudeste, além de provocar um rombo no bolso do consumidor de todo o país. Isso é falta de ingerência do governo. É brincar com o dinheiro público. Enquanto isso ficam alegando que a previdência está quebrada e que precisamos de reformas. Será algum tipo de piada", questiona Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, está à venda. Segundo informações obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as empresas que compõem o bloco de controle da Norte Energia, concessionária que administra a usina, já contrataram o Bradesco BBI para buscar potenciais investidores no Brasil e no exterior. A operação também contará com um banco internacional para tocar as negociações de venda da terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Three Gorges e de Itaipu Binacional.

O que está à venda é a parte das empresas Neoenergia, Cemig, Light, Vale, Sinobras, J. Malucelli e dos fundos de pensão Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa). A participação dessas companhias na Norte Energia é de 50,02%. O valor patrimonial de Belo Monte é estimado em R$ 10 bilhões. O projeto, que só será concluído em 2019, ainda exigirá investimentos de, pelo menos, R$ 5 bilhões.

Quando concluída, a hidrelétrica, de 11.233 megawatts (MW) de energia, terá consumido mais de R$ 31 bilhões - o empreendimento começou orçado em R$ 18 bilhões. Segundo fontes próximas à empresa, para ficar com a usina, os compradores terão de assumir o financiamento concedido ao projeto de cerca de R$ 22 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A hidrelétrica ainda pleiteia mais R$ 2 bilhões do banco estatal para concluir as obras.

Por ora, a participação do Grupo Eletrobrás, de 49,98%, não está à venda. Mas, como a estatal tem o direito de "tag along" (mecanismo que permite ao minoritário vender suas ações pelo preço pago ao controlador), o grupo também poderia vender sua fatia na hidrelétrica, diz uma fonte do setor, caso o valor seja satisfatório.

 

Chinesas

Antes mesmo da contratação do banco que vai liderar a negociação, algumas chinesas - que são consideradas "candidatas" a qualquer processo de fusão e aquisição no País - já vinham sondando o empreendimento. State Grid e China Three Gorges - que estão há mais tempo no Brasil e abocanharam importantes ativos no setor de energia, como Cesp, CPFL e Duke Energy - já começaram a avaliar a usina. A State Grid, por exemplo, está construindo o linhão que vai distribuir a energia de Belo Monte.

Mas fontes ligadas ao negócio afirmam que, por ser um megaempreendimento, a venda deverá ocorrer para um consórcio. A expectativa é que as negociações sejam acirradas. O empreendimento está envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do consórcio construtor de Belo Monte, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e outras cinco empreiteiras menores.

"Há uma enorme preocupação por parte dos investidores que têm negociado ativos de empresas envolvidas na Lava Jato de que o escândalo acabe respingando nos futuros controladores. Se o valor da multa já está estipulado, coloca-se no preço. Caso contrário, a incerteza é grande", diz um advogado, que prefere não se identificar. Outro entrave é o modelo financeiro adotado em Belo Monte. Analistas que acompanham o projeto afirmam que o retorno do investimento caiu pela metade nos últimos anos por causa das paralisações e multas aplicadas por atraso nas obras.

 

Empreiteira chinesa compromete prazo de Belo Monte

A celebrada agilidade da indústria chinesa em projetos de construção civil não vale para a floresta amazônica. A entrega da linha de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte, maior projeto do setor no País, com 2,1 mil quilômetros de extensão e custo de R$ 4,5 bilhões, está com seu cronograma totalmente comprometido, por causa de atrasos sucessivos nas obras da gigante chinesa Sepco, empreiteira que assumiu a responsabilidade de construir um trecho de 780 quilômetros do empreendimento.

O atraso das obras já levou a Sepco a ser multada pelos donos do projeto, a concessionária Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), formada pela também chinesa State Grid (51%) e pela Eletrobras (49%). Segundo apurou o jornal "O Estado de S. Paulo", essas punições já chegam a R$ 8 milhões. Preocupada em cumprir os prazos de seu contrato de concessão, a BMTE também exigiu que a Sepco subcontrate outras empreiteiras para executar aquilo que ela ainda não fez.

O tempo é curto. Por contrato, a linha de transmissão, que parte do Rio Xingu, no Pará, e avança até a região Sudeste do País, tem de estar energizada daqui a um ano, mais precisamente no dia 12 de fevereiro de 2018. Dividida em oito lotes de 260 km cada, a malha da BMTE tem cinco lotes com o cronograma em dia. O problema está nos três lotes da Sepco. Das 1.508 torres que a empresa precisar erguer, apenas 515 foram instaladas até agora. Por isso, não houve nenhum lançamento dos cabos de alta tensão.

Desde o ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alerta a empresa para o atraso. No fim de outubro, depois de visitar trechos do projeto, técnicos da agência concluíram pela necessidade de "atuação imediata da BMTE para que a entrada em operação do empreendimento não seja comprometida".

As causas do atraso, segundo a Aneel, estão atreladas ao baixo rendimento da empreiteira chinesa nos trechos em que atua, falta de material para construção e, principalmente, dificuldades de acesso e de condições de trabalho por uma razão simples: os chineses não incluíram em seus roteiros o período chuvoso na região amazônica, entre novembro do ano passado e abril deste ano.

Para a agência, a conclusão é simples. "Diante dos fatos apresentados, a fiscalização entende que há riscos no cronograma de execução da obra, que poderão comprometer a data 12/02/2018, estabelecida no contrato de concessão", declarou em seu parecer.

Questionado sobre a situação do projeto, o diretor técnico da BMTE, Armando Araújo, confirmou que tem pressionado a Sepco por uma solução no atraso. Apesar do descumprimento do cronograma, o executivo diz que a linha estará pronta dentro do prazo. "Estamos com 5,6 mil empregados trabalhando em toda a obra. Até o fim de março essa situação com a Sepco deve estar resolvida. Vamos cumprir o cronograma, sem nenhuma dificuldade", defende.

Para Araújo, as causas do fraco desempenho dos chineses estão atreladas a questões administrativas. "Não é restrição de pessoal. Até porque, só no primeiro trecho, eles têm 1,1 mil pessoas trabalhando. Então o caso é de ineficiência mesmo. Há problema gerencial", disse.

A Sepco não comentou o assunto. Por meio de nota, declarou apenas que seu presidente "está na obra" e que "está muito ocupado". Por isso, não daria entrevista.

O eventual atraso na linha de transmissão impacta, diretamente, o consumidor de energia de todo o País em sua conta de luz, já que a energia gerada pela hidrelétrica de Belo Monte já foi contratada pelas distribuidoras. Com ou sem linha de transmissão, a usina tem que ser remunerada porque cumpriu sua parte no acordo.

 

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