Um desempenho medíocre durante todo o ano de 2016 levou o comércio brasileiro ao seu pior índice de vendas já contabilizado desde 2001. As vendas despencaram em 6,2% no ano passado, anunciou o IBGE. Foi o pior resultado em 15 anos. Em 2015, as vendas já haviam caído 4,3%. Os fatores que influenciaram na derrubada do consumo, foram à inflação, juros altos, queda da renda e o desemprego em níveis elevados.

Em mais um ano difícil para a economia do país, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que o comércio varejista brasileiro fechou 108 mil lojas e demitiu 182 mil trabalhadores. Em dois anos, o comércio encolheu em mais de 200 mil lojas e quase 360 mil empregos diretos.

"Os resultados negativos de uma economia cambaleante refletem uma deterioração ampla do mercado varejista. A inflação e o encarecimento do crédito fizeram com que as famílias diminuíssem o ritmo de compras e mudassem seus hábitos de consumo. A recuperação do setor dependerá de uma reação da economia, com a volta dos investimentos e criação de novos empregos, mas que deverá demorar algum tempo" ressalta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

As vendas no comércio brasileiro caíram 6,2% em 2016, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (14). Foi o pior resultado em 15 anos, desde 2001, quando começa a série histórica do instituto, e o segundo ano seguido de perdas. Em 2015, as vendas já haviam caído 4,3%.

Em dezembro, as vendas recuaram 2,1% na comparação com novembro, quando subiram 1%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve queda de 4,9%, no 21º recuo seguido.

De acordo com Isabella Nunes, economista do IBGE, o consumo e o comércio foram impactados ao longo de 2016 por fatores que inibem o consumo, como a inflação, os juros altos e enfraquecimento do mercado de trabalho.

"Sobre 2017, podemos dizer que o cenário doméstico melhorou em parte pela inflação que já começou a ceder e os juros que estão diminuindo, mas o mercado de trabalho, que tem um peso relevante para a demanda, continua fragilizado", disse.

A confiança, considerada essencial para a melhora da economia, mostra sinais de melhora. A confiança do consumidor apurada pela FGV (Fundação Getulio Vargas) subiu em dezembro.

 

Queda em todas as atividades

O volume de vendas no ano passado caiu em todas as oito atividades que compõem o setor. Veja os resultados por atividade:

  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -16,1%
  • Móveis e eletrodomésticos: -12,6%
  • Equipamentos e material de escritório, informática e comunicação: -12,3%
  • Tecidos, vestuários e calçados: -10,9%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -9,5%
  • Combustíveis e lubrificantes: -9,2%
  • Supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: - 3,1%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria e cosméticos: -2,1%

 

Veículos e construção

Segundo o IBGE, o comércio varejista ampliado, que inclui a venda de veículos e de material de construção, também teve a maior queda da série histórica, de 8,7%. O resultado reflete o desempenho ruim das vendas de veículos, motos, partes e peças (-14%) e de material de construção (-10,7%).

A diminuição no ritmo de financiamentos, a alta taxa de juros e o endividamento das famílias foram os fatores apontados pelo órgão para explicar a queda no comércio.

 

Vendas só não caíram em Roraima

Considerando os Estados e o Distrito Federal, as vendas no comércio ampliado (incluindo veículos e material de construção) caíram em 26 das 27 unidades.

Os piores resultados foram registrados no Amapá (-16,3%), no Espírito Santo (-15%) no Pará (-14%) e em Tocantins (-13,1%). No Rio de Janeiro, a queda foi de 11,3% e, em São Paulo, de 7%.

 

182 mil demissões

Na véspera, um estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostrou que o comércio varejista brasileiro fechou 108,7 mil lojas e demitiu 182 mil trabalhadores no ano passado.

O ano superou os resultados negativos de 2015 tanto na quantidade de lojas desativadas quanto em vagas fechadas. Em dois anos, o comércio encolheu em mais de 200 mil lojas e quase 360 mil empregos diretos.

O estudo da CNC mostra que, de dez segmentos do varejo analisados, todos fecharam mais lojas do que abriram no ano passado.

 

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