Todos sabemos que juros altos causam efeitos nocivos na economia de qualquer país. Embora sirvam como ferramenta para controlar a inflação eles prejudicam a economia do país e geram desemprego, ao frear o consumo e provocar instabilidades nos mercados. Por isso, a expectativa é que a redução da taxa Selic promovida nos últimos meses pelo Banco Central contribua para estimular a economia brasileira, que passa por forte recessão e desemprego em alta.

Mesmo com as recentes reduções de juros promovidas pelo Copom nos últimos tempos, o Brasil ainda é líder disparado do ranking mundial de juros reais. Com uma taxa básica de 12,25% ao ano e 7,3% de taxa real ao ano, ainda assim ficamos bem acima do segundo colocado, que é a Rússia, com 4,91% ao ano, seguida pela Colômbia, com 2,97% ao ano.

"Enfim, de passo em passo, a inflação está cedendo e abrindo espaço para a diminuição da Selic e a recuperação da economia. Temos mais de 12 milhões de trabalhadores ansiosos por uma oportunidade de trabalho. Precisamos de uma queda ainda maior das taxas de juros, para reativarmos os investimentos, o consumo e a produção. Mas, para isso acontecer com maior rapidez seria preciso o esforço e a colaboração de empresários sanguessugas do setor bancário, promovendo a queda dos juros para o consumidor e não ao contrário aumentando cada vez mais as suas taxas", ressalta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira pela quarta vez seguida nesta quarta-feira (22), de 13% para 12,25% ao ano. O corte, de 0,75 ponto percentual, levou a Selic ao menor patamar desde o início de 2015, quando estava em 11,75% ao ano.

A redução de 0,75 ponto percentual também confirmou a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. No fim de janeiro, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, havia indicado que esse ritmo de corte de juros, implementado na reunião do Copom de janeiro, deveria ser mantido neste mês.

Os analistas prevêem que o Copom continuará a reduzir a Selic nos próximos meses e que a taxa chegará a 9,5% ao fim de 2017, ou seja, em um dígito, algo que não acontece desde o fim de 2013.

 

Sistema de metas

A definição da taxa de juros pelo Banco Central tem como foco o cumprimento da meta de inflação que é definida todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Normalmente, quando os a inflação está em alta, o BC eleva a Selic na expectativa de que o encarecimento do crédito freie o consumo e, com isso, a inflação caia.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o BC reduz o juros. É o que está acontecendo agora.

Por conta do cenário de recessão na economia, a inflação está em queda livre. Depois de somar 10,67% em 2015 e 6,29% no ano passado, a previsão dos economistas é de que o IPCA, a inflação oficial do país, fique em 4,43% em 2017, abaixo da meta central de 4,5% fixada pelo CMN para este ano.

Apesar de ajudar a controlar a inflação, juros altos tem um efeito colateral: prejudicam a economia do país e geram desemprego, ao frear o consumo. Por isso, a expectativa é que a redução da Selic promovida nos últimos meses pelo BC contribua para estimular a economia brasileira, que passa por recessão e alta do desemprego.

Indicador do próprio Banco Central aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) do país encolheu 4,3% em 2016, o que, se confirmado, será o maior tombo em 26 anos.

Além disso, a redução da Selic diminui a despesa do governo com o pagamento dos juros da dívida pública, que são atrelados à taxa.

Mesmo com a redução de juros promovida pelo Copom nesta quarta-feira, o Brasil ainda permanece na liderança disparada do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.

Com os juros básicos em 12,25% ao ano, a taxa real soma 7,3% ao ano. Com isso, permanece bem acima do segundo colocado, que é a Rússia, com 4,91% ao ano, seguida pela Colômbia, com 2,97% ao ano. Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 2,2% ao ano.

 

BC sinaliza novas quedas

Ao anunciar a redução dos juros, o Banco Central informou que o comportamento da inflação permanece favorável.

"O processo de desinflação é mais difundido e indica desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Houve ainda uma retomada na desinflação dos preços de alimentos, que constitui choque de oferta favorável", avaliou.

As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus, com o mercado financeiro, apontou o BC, recuaram para em torno de 4,4% para 2017 e mantiveram-se ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes.

"Esse cenário embute hipótese de trajetória de juros que alcança 9,5% e 9% ao final de 2017 e 2018, respectivamente", acrescentou a instituição.

O BC concluiu, porém, que a "extensão" do ciclo de corte dos juros dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo."

"O Copom ressalta que uma possível intensificação [aumento] do ritmo de flexibilização monetária [redução dos juros] dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação", informou.

 

Rendimento da poupança

De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), mesmo com a redução dos juros para 12,25% ao ano, os fundos de investimento continuam mais atrativos e ganham da poupança na maioria das situações.

A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Analistas avaliam que o Tesouro Direto, programa que permite que pessoas físicas comprem títulos públicos pela internet, via banco ou corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos, também pode ser uma boa opção para os investidores. O programa tem atraído a atenção de aplicadores nos últimos anos.

 

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