Não vai ser fácil para o governo aprovar a reforma da Previdência sem abrir mão de mudanças no texto original considerado por muitos como exagerado. Parlamentares de vários partidos não aceitam as propostas contidas no texto por considerá-las muito duras. O líder do PMDB no senado, Renan Calheiros (AL), entende que é preciso fazer a reforma de forma gradual, mas já avisou que o Congresso fará a sua parte, ou seja, fará mudanças.

O recado dos parlamentares vem bem na hora em que o governo corre contra o tempo para aprovar a reforma ainda no primeiro semestre deste ano, porque no segundo a corrida eleitoral já toma conta dos parlamentares e do cenário político.

"É de fato uma corrida contra o tempo e o governo já não conta com o apoio total do Congresso nesta empreitada e terá que ceder se quiser aprovar uma reforma ainda em 2017. Como já repetimos várias vezes, esse tema é polêmico e desgastante, afinal de contas mexe em direitos adquiridos dos trabalhadores brasileiros e sem dúvida nenhuma, afetará também, o futuro daqueles que irão entrar no mercado de trabalho. Dificilmente deputados e senadores aprovarão uma reforma que não agrada a classe trabalhadora, afinal de contas é o futuro de seus eleitores que está em jogo", acentua Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O presidente Michel Temer elegeu o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), como fiador da proposta original da reforma da Previdência. Maia defendia antes mesmo de ganhar a Presidência da Câmara mudanças na regra de transição — considerada muito dura pelos parlamentares —, mas na última sexta-feira afinou o discurso com o governo depois de um encontro no Ministério da Fazenda. A estratégia é tentar barrar as pressões por mudanças no texto a partir de Rodrigo Maia. Mas as insatisfações existem, e muitas estão dentro do PMDB.

Nesta sexta-feira, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse nas redes sociais que a proposta apresentada para a Previdência "exagerada". Em dois depoimentos, Renan disse que reforma tem que ser gradual e avisou: o Congresso fará sua parte, ou seja, fará mudanças. O discurso de Maia seria uma "vacina" contra críticas, mas Temer tem resistências para aprovar o texto sem concessões, e elas são de peso. Essa não é a primeira vez que Renan manda um recado ao Palácio do Planalto de que haverá resistências e de que a proposta precisa ser mudada. O próprio governo sabe disso e já discute alternativas com o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Maia.

— Vamos fazer, claro, a reforma da Previdência. Os últimos presidentes da República fizeram as suas: Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff. O presidente Michel Temer vai também ter que fazer a sua reforma. Mas essa proposta que foi mandada para o Congresso, como proposta, parece bastante exagerada — disse Renan, em vídeo colocado no Twitter e no Instagram.

 

Por volta das 16h, Renan publicou nova mensagem ainda mais incisivo: — Essa proposta que foi enviada parece bastante exagerada, mas o Congresso - não tenha nenhuma dúvida — fará a sua parte. O Brasil vai ter que fazer sua reforma. O presidente Michel Temer vai ter que fazer a sua reforma da Previdência. O próximo presidente vai ter que fazer a sua reforma.

O PMDB do Senado vive uma divisão sobre a proposta. Não é a primeira vez que Renan faz críticas. Ele saiu em defesa do ministro Moreira Franco quando ele disse que o partido não deveria fechar questão sobre a reforma e causou um mal-estar geral.

O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), desautorizou Moreira Franco por meio de nota, mas Renan saiu em sua defesa com uma nota de três linhas no Facebook, o que foi entendido dentro do Senado como um recado de que o Planalto teria problemas para votar a proposta sem recuos.

O próprio ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, já disse que as propostas não saem do Congresso como chegaram. A avaliação nos bastidores é que o governo exagerou em alguns pontos — como nas regras de transição — porque sabe que poderá ter que ceder. As regras são consideradas rígidas demais por alguns aliados.

A postura de Renan em favor de Moreira Franco foi um sinal entendido pelos senadores mais experientes de que haverá debate pelo menos no Senado. A discussão da reforma da Previdência começa pela Câmara.

O cronograma da área econômica é correr e aprovar a proposta no primeiro semestre, porque no segundo a corrida eleitoral já toma conta dos parlamentares e do cenário politico. O Palácio do Planalto se dá por satisfeito se a reforma for aprovada até o final de 2017. E sabe que em 2018, ano eleitoral, isso não ocorrerá.

No Senado, o senador Paulo Paim (PT-RS) já conseguiu 30 assinaturas para pedir a abertura de uma CPI da Previdência. É uma forma de fazer oposição à reforma, já que Paim é contra a reforma. Mas na lista há parlamentares como Ana Amélia (PP-RS) e José Maranhão (PMDB-PB). Paim ainda não apresentou o pedido formal e quer ter a segurança de 35 assinaturas. Isso porque sabe que o governo deve conseguir convencer vários a retirar as assinaturas. São necessárias 27 para apresentar o requerimento.

 

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