Num país que falta tudo, não seria nenhum exagero dizer que estamos à beira de um colapso total. O governo federal enfrenta uma crise econômica e política sem precedentes. A corrupção se instalou no meio político e empresarial, estendendo e criando ramificações no país e mundo afora. A Lava Jato descobriu esquemas sofisticados de corrupção que envolve deputados e senadores da república. Escândalos recentes - como o da Carne Fraca - mostram como o cidadão comum é enganado todos os dias com a adulteração de produtos, mercadorias e serviços. E, no caso da Eletropaulo, a enrolação começou lá atrás bem na época das privatizações, quando a empresa foi vendida por um valor bem abaixo do que valia e de quebra demitiu milhares de trabalhadores, provocando um caos no fornecimento de energia em São Paulo.

A controvertida privatização da Eletropaulo em 1998, já resultou em uma CPI e várias ações populares que serão julgadas pela Justiça. Os benefícios para os usuários não ficaram evidentes. A compra foi por parte da companhia americana AES e foi parcialmente financiada pelo BNDES, totalizando R$ 2 bilhões; uma nova reavaliação constatou que a empresa deveria ser vendida por algo em torno de R$ 22 bilhões. Ou seja, a AES comprou uma propriedade do Estado brasileiro, com o dinheiro do estado brasileiro, não pagou a dívida - pois o BNDES converteu US$ 1,3 bilhão de dívidas em ações e debêntures- e ficou com o lucro.

Esse foi o resultado de um mal fadado processo de privatização de uma empresa que pertencia ao Estado de São Paulo e cumpria com o papel pela qual foi criada para atender a população, com serviços de qualidade e com investimentos freqüentes. O problema é que dirigentes tucanos inventaram O Programa Estadual de Desestatização e com o discurso de tornar a empresa mais eficiente e mais rentável, além de capitalizar os cofres do governo, resolveram privatizá-la a toque de caixa, entregando para os americanos - e quase de graça - uma das maiores empresas distribuidoras de energia do mundo.

A partir daí a Eletropaulo tornou-se AES/ELETROPAULO, uma das empresas da The AES Corporation. O resultado do processo de privatização é que empresa manda até hoje boa parte do lucro para a matriz nos EUA, demitiu metade dos funcionários quando assumiu a administração, e pouco investiu nos últimos anos para melhorar a qualidade dos serviços, ocasionando freqüentes falta de luz em sua área de concessão.

"Esse é o Brasil que nós temos hoje! Um país de terras férteis e produtivas que produz alimentos para exportação, com rios que produzem energia limpa e de qualidade, um povo trabalhador e honesto, mas que vira e mexe é sugado por políticos corruptos e empresas estrangeiras que prometem serviços de qualidade e não cumprem. Além disso, essas empresas se instalam no país à custa do dinheiro público - que não pagam - e, para piorar, deixam milhares de trabalhadores brasileiros desempregados", ressalta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A Eletropaulo é a terceira pior distribuidora de energia do país no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informou o SPTV desta terça-feira (21). A classificação é baseada na quantidade de interrupções no fornecimento de energia e na duração dessas falhas.

Desde 2013, a distribuidora vem piorando na avaliação de qualidade da agência reguladora. Naquele ano, a empresa estava em 11º lugar, em 2014 caiu para 14º, em 2015 despencou para 20º lugar e no ano passado ficou em 30º lugar.

A Eletropaulo admite as dificuldades que tem para atender a população, mas informou que aumentou os investimentos e a contratação de funcionários para atender melhor a Grande São Paulo.

Quem mora ou trabalha na Grande São Paulo sabe que a ameaça de chuva representa a chance de ficar sem luz. O atendente Ivan Mendes conta que já ficou um dia sem serviço na lavanderia onde trabalha, no Brooklin, na Zona Sul da capital, devido à falta de energia elétrica. “A luz faltou desde o horário que nós abrimos, às 9 horas, e só voltou depois das 15 horas. Levamos prejuízo”, contou.

Muitos usuários reclamam no perfil da Eletropaulo em uma rede social. O internauta Danilo informou na página que sempre falta luz em Cangaíba, na Zona Leste, e quer saber se vão resolver o problema. O usuário Alê Camargo postou que estava há cinco dias sem energia em sua loja. Mais de um morador do Mandaqui apresentou reclamações.

A Aneel disse o ranking das distribuidoras de energia é uma forma de fiscalizar as empresas e que aquelas que não cumprem os limites de duração e frequência das quedas de energia precisam compensar o consumidor com descontos na tarifa. Só em 2015, a Eletropaulo descontou R$ 176 milhões nas faturas e no ano passado foram R$ 78 milhões.

 

Clientes com prioridade reclamam de demora da Eletropaulo para restabelecer luz

Clientes que precisam de atendimento prioritário em caso de falta de luz devido à problema de saúde têm sido tratados como consumidores comuns em São Paulo.

Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determina que as distribuidoras de energia tenham um cadastro de clientes com problemas de saúde e que dependam de equipamentos elétricos para sobreviver. Caso falte energia, esses usuários devem ser atendidos com prioridade. Duas famílias de São Paulo, no entanto, afirmam que durante temporal que atingiu a capital paulista não receberam este atendimento.

O gerente de Recursos Humanos Wilson Almeida Lacerda teve um acidente vascular cerebral e precisa de um aparelho para respirar. A casa dele ficou sem energia por 20 horas, há algumas semanas. A esposa ligou para a Eletropaulo, mas só ouvia que a prioridade seria dada.

“Eu fiquei acordada com ele, a gente conversando. Eu não sei o que aconteceria se ele tivesse dormido. Eu não quero correr este risco. Eu ligava desesperada, tentando mantê-lo vivo”, conta Maria Aparecida Mori, esposa de Wilson. “Eu não sei de que forma eles dão prioridade e como funciona, porque eu não senti nada”, completa Maria.

O pai da Cristiane Cruz sofreu um infarto há mais de dez anos e usa aspirador cirúrgico. Uma espécie de respirador artificial. “Na teoria, existe cadastro, mas não vê diferença nenhuma no atendimento. Mês passado ficou cinco horas sem energia aqui. A gente liga na Eletropaulo e ninguém soube dar uma resposta efetiva de nada”, disse Cristiane.

A Eletropaulo informou que os endereços dos dois casos foram tratados com urgência, mas que o reparo não é feito individualmente. A Aneel disse que cumpre um cronograma de fiscalização em todas as distribuidoras do país, mas não explicou qual a obrigação das empresas com o cadastro da sobrevida.

Para fazer o cadastro de sobrevida na Eletropaulo, o cliente precisa ir até um ponto de atendimento presencial.

 

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