Um tom alarmista e um pressentimento de perda no que se refere à reforma da Previdência têm tomado conta da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e seu colega do Planejamento, Dyogo Oliveira, resolveram sair no corpo a corpo e ameaçar o povo dizendo que se a reforma não for feita da maneira como foi mandada ao Congresso nacional e não for aprovada neste ano, direitos dos aposentados serão cortados num futuro próximo e a economia não se recuperará bem neste ano. Tudo isso em nome de um déficit fiscal de 129 bilhões de reais em 2018.

"O que estamos assistindo é a falta de coragem do governo em cobrar os grandes devedores, com o único objetivo de repassar ao cidadão comum a conta para pagar e, ao mesmo tempo, retirar seu direito a aposentadoria. Temos mais de 500 empresas que devem um total de R$ 426 bilhões ao INSS, quase três vezes mais que o total do déficit da Previdência em 2016, que foi de R$ 149,7 bilhões. Então por que o governo não cobra essas dívidas das empresas? Prefere massacrar o trabalhador? cuidado! existem eleições pairando nas nuvens em 2018", lembra Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A equipe econômica assumiu um tom mais alarmista para defender a necessidade de o Congresso Nacional aprovar a reforma da Previdência agora, dias após o presidente Michel Temer ter cedido aos apelos políticos e aberto mão de importantes pontos da proposta original e que vão reduzir a economia de despesas em mais de R$ 100 bilhões em uma década.

Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), que participaram de um mesmo evento nesta segunda-feira (10), defenderam que, entre outros, se a reforma não for aprovada neste ano, direitos dos aposentados serão cortados num futuro próximo e a economia não se recuperará bem neste ano.

"Temos a oportunidade de fazer a reforma da Previdência sem cortar direitos", afirmou Oliveira, acrescentando que, se ela for postergada por mais dois ou três anos, essa "janela se fecha".

E Meirelles não foi diferente: "a solução lá na frente será muito pior", afirmou ele, ao se referir à necessidade de se aprovar a reforma agora.

Diante da constatação de que não teria condições de aprovar a reforma da Previdência como está, na semana passada o governo admitiu alterar a proposta em pelo menos cinco pontos mais sensíveis, que podem reduzir economia com ela em R$ 115 bilhões ao longo de 10 anos.

 

Rombo nas contas do governo

Também na semana passada, o governo piorou expressivamente a meta de déficit primário para o governo central em 2018, a R$ 129 bilhões.

Meirelles disse ainda que a aprovação mais rápida da reforma da Previdência é fundamental para recuperação da economia em 2017 e que, quando ela sair do papel, em 10 anos um terço das despesas totais para outras despesas poderá existir.

Já Oliveira destacou que, sem a reforma, os juros estruturais do país serão mais altos e que o governo está propondo uma reforma gradual, que não reduz benefício e não aumenta a carga tributária para os aposentados.

"Se não fizermos reforma, em 10 anos a Previdência vai responder por 80% das despesas do governo", acrescentando que, com isso, "o governo estaria inviabilizado".

Segundo ele, a proposta é de que o trabalhador rural contribua para Previdência com o equivalente a 5% sobre o salário mínimo.

 

Estados

Meirelles disse ainda que o governo está discutindo soluções com os governadores sobre a questão fiscal dos Estados e que assegurem a autonomia federativa e viabilizem a reforma previdenciária dos entes.

O ministro da Fazenda, no entanto, disse ainda que o governo não vai sacrificar o ajuste fiscal em andamento para ajudar os Estados que estão endividados.

 

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