Seria o senhor ministro um pensador equivocado? Não se pode condicionar a reforma da Previdência como a salvação para a economia brasileira e dizer que ela acabará salvando o Brasil. Estamos vivendo hoje o que foi plantado anos atrás em outros governos - aliás, o senhor foi presidente do Banco Central durante o governo do Lula. A questão só piorou porque os últimos governos não fizeram a lição de casa e gastaram mais do que arrecadaram sem se preocupar com o futuro da economia.

O que estamos assistindo hoje é uma tentativa de consertar os erros do passado. É verdade que chegamos ao fundo do poço com uma recessão jamais vista em toda história deste país. A economia encolheu, o PIB despencou, os juros subiram desordenadamente, a inflação disparou, as indústrias fecharam, o comercio se acabou o emprego desapareceu e a renda caiu. Esses foram os efeitos causados pela falta de competência de governos passados. Mas, também tivemos a questão da corrupção que se instalou no país e que ajudou a fundar ainda mais a nossa combalida economia.

Bilhões de dólares desapareceram do dia para a noite dos cofres públicos, através dos inúmeros escândalos produzidos nos últimos anos com a participação de políticos e empresários - Diga-se de passagem, a maior organização criminosa que já se teve notícia no cenário nacional. Esses acontecimentos tiveram efeitos imediatos no setor econômico, que sofreu com o sumiço dos investimentos internos e externos. Nos últimos quatro anos, com o agravamento da recessão, os empresários frearam os investimentos e diminuíram a produção. O desemprego cresceu substancialmente e chegamos ao patamar de mais de 14 milhões de desempregados em todo o país.

"Então senhor ministro, para tirar o país do mar de lama em que se encontra, precisa-se muito mais que um reforma da Previdência. Precisamos de um modelo econômico que incentive o consumo, o emprego, a produção e os investimentos, dando segurança jurídica aos investidores e proteção aos trabalhadores. Precisamos de uma reforma trabalhista que beneficie os dois lados, o patrão e o empregado. Uma reforma da Previdência que exija o sacrifício de todos, sem querer somente massacrar o trabalhador. Cadeia para políticos e empresários corruptos. E, por último, que o governo faça a sua parte e economize cortando gastos e enxugando a máquina pública. O povo está cansado de churumelas! Vamos trabalhar e retomar o crescimento", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira que a existência de 14 milhões de pessoas desempregadas no Brasil é inaceitável. Em entrevista a uma cadeia de rádios, ele disse que é para melhorar essa situação que é necessária a aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso Nacional. Falou ainda que se houver grandes mudanças, o país terá de enfrentar uma nova reforma em poucos anos.

— Ter 14 milhões de desempregados é inaceitável. Por isso, estamos fazendo as reformas necessárias — frisou o ministro.

 

Questionado sobre a possibilidade de mais mudanças durante a tramitação, Henrique Meirelles ressaltou que o texto que está no Congresso é o que deve ser aprovado. Disse que se houver muita alteração, o país precisará de uma nova reforma.

— Se as mudanças forem pequenininhas, a reforma não vai fazer efeito — falou, completando: — Dar segurança aos brasileiros de que não vai ter outras reforma nos próximos anos.

 

Durante a entrevista, o ministro respondeu a várias perguntas de radialistas de várias partes do país sobre a reforma. Repetiu que a mudança na Previdência é necessária para a criação de empregos. E prometeu que os efeitos serão sentidos imediatamente após a aprovação do texto e que aumentarão gradativamente.

Meirelles justificou que a reforma não poderia ser feita apenas para quem não entrou no mercado de trabalho ainda porque demoraria 40 anos para fazer efeito. De acordo com ele, até lá, o país já teria quebrado. Ele apontou que sem as mudanças discutidas no Congresso, o Brasil poderia ter uma situação de insolvência como a Grécia, que deixou de pagar aposentadorias.

— Este o momento certo para fazer a reforma para que não atinjamos a situação da Grécia.

 

Preocupado em ser o mais claro possível, Henrique Meirelles explicou didaticamente que o Brasil tem se endividado para conseguir pagar as aposentadorias e que isso é insustentável. Ele disse que os parlamentares devem ser convencidos sobre a necessidade da reforma.

Afirmou que se alguém perguntar para qualquer pessoa se quer direitos retirados, a resposta será não. No entanto, se questionado se prefere se aposentar aos 40 anos e não receber a aposentadoria ou se parar de trabalhar aos 55 anos , segundo o ministro, a escolha seria a segunda opção. Com esse argumento, o governo pretende ter um apoio maior dos parlamentares.

— Teremos um apoio maior.

 

Em relação à retomada do emprego, Meirelles disse que demanda-se um certo tempo entre a recuperação da economia a queda do desemprego. Previu que no segundo semestre, o país deverá criar emprego.

— Está tudo voltando ao normal. Já saímos do fundo do poço e estamos crescendo porque o governo está fazendo as reformas necessárias _ argumentou. A recessão já ficou para trás. Vamos entrar em 2018 crescendo a um ritmo de 3% ao ano.

 

CRISE DOS ESTADOS

Alguns radialistas perguntaram sobre o projeto de renegociação das dívidas dos estados. Em relação ao Rio de Janeiro, ele afirmou que assim que o Senado aprovar a matéria, o acordo - já assinado pelo presidente da República e o governador- entrará em vigor.

— O Rio de Janeiro pode começar a olhar no fim do túnel.

 

Sobre o Rio Grande do Sul, ele disse que o projeto aprovado ontem pela Câmara dos Deputados dá condições de fazer o estado funcionar normalmente. Ele frisou que os ativos gaúchos são suficientes para a recuperação das contas públicas estaduais.

— O Rio Grande do Sul vai ter condições de funcionar normalmente. Vai privatizar as companhias que sejam necessárias.

 

LULA

Ex-presidente do Banco Central nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Meirelles foi questionado sobre o depoimento do antigo chefe. Ele, entretanto, esquivou-se:

— Sobre o ex-presidente, não nos cabe opinar sobre isso.

 

INFLAÇÃO

Meirelles ainda comemorou a queda da inflação. Frisou que ela está totalmente controlada a essa altura.

— Não podemos afirmar que a inflação descontrolada acabou para sempre. Não vamos relaxar, com inflação não se brinca _ alertou.

 

Falou também que o Banco Central vai baixar a taxa de juros até onde for possível, mas ressaltou que o Ministério da Fazenda tem de fazer a sua parte.

— Como fazer para baixar mais os juros do Brasil? Cortar os gastos públicos. É para aí que vamos caminhar. Eles vão tomar a decisão certa no momento adequado.

 

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