Apesar dos inúmeros esforços do governo em querer baixar os, astronômicos juros, ainda assim eles resistem e ultrapassam a barreira do suportável, atrapalhando a economia e sufocando o consumo, emprego e a renda do trabalhador. Somente no Brasil existe tamanha aberração. Cartão de crédito com juro de 355,11% ao ano.
"Num momento de crise em que o país precisa de taxas de juros baixas para incentivar o consumo, fazer girar a economia e gerar empregos, empresas de cartão de crédito e empréstimos pessoais andam na contramão e cobram juros exorbitantes em cima do consumidor. São empresários inescrupulosos, sempre na busca por mais lucro. É preciso acabar de vez com o monstro dos juros altos, pois do contrário não sairemos da lama que nos encontramos e não haverá crescimento econômico", declara Canindé Pegado, presidente do SINCAB.
As taxas de juros cobrados no cartão de crédito voltaram a subir depois de três meses de queda. A taxa média do rotativo ficou em 355,11% ao ano em junho, contra 345,10% ao ano em maio, segundo levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Trata-se da primeira alta desde que o governo mudou a regra do rotativo do cartão, em abril. A estimativa do governo era de que o juro do cartão caísse após essa mudança.
A taxa do cheque especial também subiu pela primeira vez em cinco meses, para 303,60% ao ano, contra 301,45% em maio.
Os demais produtos pesquisados apresentaram queda nas taxas.
A taxa de juros média geral para pessoa física ficou em 141,93% ao ano, a menor desde dezembro de 2015. Em maio, a taxa média geral havia ficado em 142,20%. A Anefac atribuiu a queda do juro médio para o crédito pessoal à trajetória de corte da taxa básica Selic e à perspectiva de queda ainda mais acentuada da inflação.
“Entretanto, considerando-se o cenário econômico atual que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência por conta da recessão econômica em curso, bem como o desemprego elevado, isto aumenta igualmente o risco de novas elevações das taxas de juros aos consumidores sejam pessoa física ou jurídica”, diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da associação.
Veja abaixo o comportamento de cada uma das linhas de crédito pesquisadas em junho:
Taxas de juros por linha de crédito
Linha de crédito | Maio, taxa em % ao ano | Junho, taxa em % ao ano |
---|---|---|
Cartão de crédito | 345,10 | 355,11 |
Cheque especial | 301,45 | 303,60 |
Juros do comércio | 94,9 | 93,83 |
Empréstimo pessoal (bancos) | 67,84 | 65,92 |
Empréstimo pessoal (financeiras) | 153,78 | 148,76 |
CDC bancos | 29,84 | 29,38 |
Média geral | 142,20 | 141,93 |
Crédito para empresas
Os empréstimos para empresas também ficaram mais baratos em junho. Todas as três linhas de crédito para pessoa jurídica analisadas pela Anefac baixaram as taxas no mês.
O juro médio ficou em 69,59% ao ano, menor taxa desde fevereiro do ano passado. Confira:
Taxa de juros para empresas, por linha de crédito
Linha de crédito | Maio, em % ao ano | Junho, em % ao ano |
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Capital de giro | 33,55 | 33,23 |
Desconto de duplicatas | 41,52 | 40,92 |
Conta garantida | 158,33 | 156,90 |
Média Geral | 70,17 | 69,59 |