Em 2017, 3 milhões de receptores "alternativos" de TV paga chegaram ao Brasil, com valor de US$ 115 milhões.

A importação de receptores usados nos serviços piratas vem crescendo substancialmente nos últimos anos, conforme apresentou Marcio Machry, da Cisco OpSec, no PAYTV Forum 2018, realizado nos dias 30 e 31 de julho por TELETIME e TELA VIVA. Segundo ele, foram importados 1,5 milhão de receptores em 2015 e 2 milhões em 2016, com valores de US$ 60 milhões e US$ 91 milhões, respectivamente.

"A pirataria é um concorrente muito forte. Tem qualidade de imagem aceitável e alguns serviços até têm guia eletrônico e a possibilidade de fazer o catchup de até sete dias da grade", conta Machry. O serviço conta com assinatura de R$ 20 a R$ 35 mensais para grade completa incluindo premium, ou a aquisição de hardware com aplicativo proprietário e sem assinatura. O equipamento custa entre R$ 500 e R$ 800.

A fornecedora recomenta a adoção de tecnologias de mapeamento com fingerprint e watermark. "Tem que atrapalhar o pirata. O bloqueio incomoda o usuário pirata e acaba tendo uma conversão", diz o executivo. O problema é que este tipo de abordagem tecnológica exige que todos os operadores de coordenem para adotar as mesmas políticas.

 

Plano de ação

A Ancine, provocada pelo setor, entrou como membro do Conselho Nacional de Combate à Pirataria no início do ano. Além disso, foi criada a Câmara Técnica de Combate à Pirataria, coordenada por Carlos André Moreira Chelfo. Segundo ele, está sendo desenhado um plano de ação de curto, médio e longo prazo para os próximos cinco anos.

Para o setor de pay-TV, a chegada da Ancine aos debates é, por si, positiva. Segundo Oscar Simões, presidente da ABTA, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria"cobre de tudo": cigarro, brinquedo, bebida etc. "Com a chegada da Ancine temos algo ligado ao audiovisual. A agência pode fortalecer a pressão no Estado fragmentado. Precisamos ganhar prioridade", diz Simões.

O presidente da ABTA aponta que há uma mobilização enorme do setor, envolvendo produtores, programadores e distribuidores. "Como todo problema complexo, não tem solução fácil. Trabalhamos junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário e no campo da educação. Conseguimos a condenação em primeira instância de youtuber que fazia propaganda da pirataria. É muito mais que fazíamos ontem e faremos muito mais amanhã", disse.

Para Fernando Magalhães, diretor de programação da Claro Brasil, é preciso haver um meio de constranger o usuário do serviço clandestino e não apenas o agente do mercado pirata. "Tem que haver uma punição, derrubar IP etc". Ele lembra que há restrições legais que não permitem mapear o tráfego de IPTV na redes, o que dificulta a fiscalização e o combate à pirataria. Oscar Simões lembra que em outros mercados, como o da Espanha, há dispositivos regulamentares que permitem a derrubada imediata de domínios IP utilizados por sistemas piratas em eventos ao vivo, como jogos de futebol.

Para Raquel Collesi, diretora da Alianza, associação que coordena esforços por toda a América Latina, legislações como as do Uruguai, Equador e Chile estão mais avançadas no sentido de permitir intervenções e ações de combate à pirataria. A Chrysler reconhece, contudo, que existe em muitos países limitações de análise e intervenções nas redes de banda larga, o que dificulta o combate à pirataria.

 

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