As operadoras de MMDS (sistema de transmissão via micro-ondas) se contentam em ficar com 90 MHz da faixa de 2,5 GHz, desde que não tenham a obrigação de transmitir vídeo. “A opção pela transmissão de vídeo deve resultar da opção do modelo de negócio de cada operadora, baseado na procura do serviço pelo cliente”, argumenta o presidente da entidade que representa o setor – a Neotec -, Carlos André de Albuquerque. Ele espera apresentar a proposta à Anatel até o final deste mês, em encontro já acertado entre a associação e a área técnica da agência, que acena com uma revisão da proposta da destinação da faixa de 2,5 GHz.

A nova proposta da Neotec está baseada principalmente nos testes feitos em Brasília pela operadora Sky para o uso da tecnologia WiMAX em serviço de banda larga, cujos resultados foram apresentados nesta segunda-feira à imprensa. De acordo com o diretor de TI da empresa, Roger Haick, os testes demonstraram que serão necessários no mínimo 60 MHz para oferta do serviço, além da banda de guarda. “Mas comprovaram também que a tecnologia é robusta, oferece grande estabilidade de sinal e apresenta altas velocidades tanto em conexões fixas quanto móveis”, disse. Ele acrescenta que a tecnologia permite implementação rápida e a custos menores do que uma rede 3G.

Além da definição sobre a destinação da faixa de 2,5 GHz, a Sky pedirá a Anatel a homologação imediata dos equipamentos WiMAX, que está parada há mais de dois anos; a neutralidade tecnológica e de serviços, para evitar que a maior parte do espectro seja destinada para a telefonia móvel; e o limite de espectro por grupo econômico para evitar concentração excessiva no mercado de telecomunicações. As reivindicações serão apresentadas aos conselheiros e superintendentes da agência no próximo dia 20.

A proposta da Anatel para a faixa de 2,5 GHz, que já passou por consulta pública, estabelece que as operadoras de MMDS, que atualmente detêm os 190 MHz da faixa, ficarão apenas com 50 MHz a partir de 2015, enquanto os 140 MHz passarão para as operadoras do serviço móvel. A expectativa da Neotec é de que a agência reveja essa posição. Albuquerque argumenta que o futuro da banda larga não pode ser limitado a um único serviço, como o SMP. “As operadoras móveis preferem comprar espectro a instalar mais sites (antenas) porque sai mais barato”, disse, afirmando que a necessidade de estações radio base para o país são de 200 mil unidades e não apenas as 40 mil instaladas pelas celulares.

Testes

Os testes com WiMAX realizados pela Sky em Brasília já duram três meses com a instalação de três sites – um no centro do plano piloto e duas nas cidades satélites de Águas Claras e Taguatinga. Os equipamentos utilizados são da Samsung, que já atendem a diversas redes WiMAX na América Latina, Europa e Estados Unidos, e vão desde estações externas, modem e minimodem para notebooks.

Os testes comprovaram que a cobertura indoor por site é de 1,6 km na área urbana e 3,2 Km na área suburbana, abrangência até duas vezes maior do que a rede 3G. Apontaram ainda que suporta até 750 usuários ativos para cada célula, com velocidade de 2 Mbps, mas pode chegar até a 10 Mbps.

A Sky também critica a mobilidade restrita imposta pela Anatel ao serviço, mas admite que a evolução possa ocorrer depois. “Temos convicção que a entrada de novos competidores contribuirá para a diminuição de preços e para a melhoria da qualidade dos serviços da banda larga no país”, disse Haick. Ele sustenta que a tecnologia pode acelerar a massificação do serviço no país, como quer o governo.

A Sky finalizou a compra da Itsa, operadora de MMDS em 12 cidades, em março do ano passado e, desde então, tenta oferecer o serviço de banda larga aos assinantes. Haick disse que a tecnologia WiMAX está madura e os investidores estão prontos para arcar com a implantação, falta apenas a decisão da Anatel. “Não acho que poderemos esperar mais um ano para que isso aconteça”, disse.

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