E na já disputada corrida da ganância pelos juros cada vez mais altos, eis que os bancos acabam de subir no cartão de crédito, os juros de 451,44% ao ano em agosto para 463,03% em setembro deste ano. Trata-se da maior taxa desde dezembro de 1995, quando estava em 478,43% ao ano e 15,75% ao mês. Se não bastasse, o cheque especial acompanhou o ritmo e subiu os juros para 309,24% ao ano (12,46% ao mês) em setembro, ante 296,33% em agosto (12,16% ao mês). Trata-se da maior taxa desde março de 1999, quando estava em 13,3% ao mês e 347,46% ao ano.

A justificativa da Anefac é sempre a mesma. A alegação é que o aumento da inadimplência e a inflação pressionada, que corrói a renda das famílias, são alguns dos fatores que contribuíram para a elevação dos juros. E que, tendo em vista o cenário atual da economia à tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito continuem a ser elevadas.

"Pagar juros do cheque especial e bancar juros rotativo do cartão de crédito no Brasil, precisa ter coragem. São taxas que deixariam segundo o jornal norte-americano The New York Times, um agiota americano sentir vergonha. Mais essa é a essência do mercado financeiro brasileiro. Enquanto os bancos lucram cada vez mais, 12 milhões de brasileiros sequer tem emprego para sobreviver. Os juros altos há muito tempo vem retirando oxigênio da economia brasileira. Com juros nas alturas a economia fica estagnada, aumenta o desemprego e a inadimplência explode"explica Canindé Pegado, presidente do SINCAB".

 

 

As taxas de juros das operações de crédito voltaram a subir em setembro, completando 24 meses seguidos de elevações, segundo levantamento divulgado nesta última terça-feira (11) pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Das seis linhas de crédito pesquisadas, todas tiveram suas taxas de juros elevadas no mês (juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial, CDC-bancos - financiamento de automóveis, empréstimo pessoal - bancos e empréstimo pessoal - financeiras).

No cartão de crédito, os juros subiram de 451,44% ao ano em agosto para 463,03% em setembro (de 15,29% para 15,49% ao mês). Trata-se da maior taxa desde dezembro de 1995, quando estava em 478,43% ao ano e 15,75% ao mês.

No cheque especial, os juros foram de 309,24% ao ano (12,46% ao mês) em setembro, ante 296,33% em agosto (12,16% ao mês). Trata-se da maior taxa desde março de 1999, quando estava em 13,3% ao mês e 347,46% ao ano.

No empréstimo pessoal em bancos, os juros foram de 73,52% ao ano (4,7% ao mês) em setembro, ante 72,53% em agosto (4,65% ao mês). Trata-se da maior taxa desde maio de 2011, quando estava em 4,75% ao mês e 74,52% ao ano.

A taxa de juros média para pessoa física subiu de 8,13% ao mês em agosto (155,48% ao ano) para 8,24% ao mês em setembro (158,61% ao ano). Esse é o maior valor desde julho de 2003, segundo a Anefac, quando foi de 8,32% ao mês e 160,92% ao ano.

 

Pessoa jurídica

Das três linhas de crédito pesquisadas para pessoa jurídica, todas subiram em setembro, segundo a Anefac. A taxa de juros média geral para pessoa jurídica passou de 4,75% ao mês (74,52% ao ano) em agosto para 4,81% ao mês (75,72% ao ano) em setembro - a maior taxa de juros desde agosto de 2003 (4,86% ao mês e 76,73% ao ano).

 

Fatores

Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, as elevações podem ser atribuídas ao cenário econômico que aumenta o risco do crescimento nos índices de inadimplência. Os índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros cada vez maiores reduzirem a renda das famílias. E a recessão econômica deve levar ao crescimento dos índices de desemprego.

"Tudo isso somado e o fato de as expectativas para 2016 serem igualmente negativas leva as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência”, diz.

Já para os próximos meses, Oliveira acredita que tendo em vista o cenário econômico atual, que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses.

“Há, entretanto, a possibilidade de o Banco Central começar a flexibilizar sua política monetária a partir deste mês reduzindo a taxa básica de juros (Selic). Se esse fato ocorrer, pode contribuir para que as taxas de juros das operações de crédito comecem igualmente a ser reduzidas nos próximos meses. Mas isso vai depender que a inadimplência fique estável”, explica.

 

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