Alegrias de um lado e desprazeres de outro. Assim se traduz o atual momento econômico do país. Enquanto a crise avança em todos os setores de atividade provocando o desemprego em massa, com demissões de mais de 71mil trabalhadores, entre janeiro e julho no comércio, gigantes do varejo estão tendo o que comemorar nestes tempos de retração do consumo.

Com o avanço da internet, as vendas online dos grandes varejistas responderam por boa parte do faturamento dessas empresas no segundo trimestre de 2016. "Por um lado pode ser bom para os grandes empresários, mas um péssimo negócio para o mercado de trabalho que acaba fechando vagas de empregos no comércio. Precisamos de iniciativas que promovam a maior oferta de crédito, com juros menores, para trazer de volta o consumidor e resgatar a confiança do micro e pequeno empresário com investimentos no setor" diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Além dos cortes feitos pelas grandes redes para crescer a produtividade dos funcionários e compensar a queda na venda por causa da recessão, o emprego do varejo está ameaçado pela evolução tecnológica.

Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, disse que os avanços do comércio eletrônico e das vendas por telefone podem complicar mais um cenário que já é desfavorável para o emprego no setor por conta da crise.

Entre janeiro e julho, foram homologadas na cidade de São Paulo demissões de 71.212 trabalhadores no comércio. É um número apenas 1,5% menor do que no mesmo período de 2015. No ano passado inteiro, o total foi de 117.199 homologações. Uma demissão é homologada, isto é, a rescisão do contrato de trabalho passa pelo sindicato, quando o funcionário está há mais de um ano no emprego.

"Temos agora dois problemas que nos preocupam: crise e vendas pela internet", disse o presidente do sindicato.

O avanço da internet é nítido, por exemplo, nos resultados do Magazine Luiza, gigante do varejo de eletrodomésticos e móveis. As vendas online responderam por quase um quarto do faturamento total da companhia no segundo trimestre de 2016, que foi de R$ 2,56 bilhões.

Frederico Trajano, presidente da varejista, disse que o projeto da empresa é se transformar numa loja digital com pontos físicos de venda. Para ganhar produtividade, ele contou que o plano é equipar com um smartphone cada vendedor dentro das lojas físicas para que ele possa realizar todas as operações e reduzir o tempo do processo de venda, que vai da baixa no estoque ao pagamento. O tempo poderá ser reduzido de 45 para 5 minutos.

"Vamos transformar 2 mil caixas em vendedores." Questionado se o projeto deve resultar em demissões, Trajano respondeu que vai "precisar de mais gente capacitada para gerar receita".

 

Go to top
JSN Boot template designed by JoomlaShine.com