Que nós vamos sair da recessão, não se tem a menor dúvida. O problema agora é saber quando e com se dará o processo de recuperação da economia. O Fundo Monetário Internacional (FMI), disse nesta terça-feira (15) que a economia brasileira pode estar perto de sair de uma forte recessão, mas enfrenta um longo e duro caminho de recuperação que depende da aprovação de reformas impopulares.

O FMI alerta também, para que o Banco Central mantenha uma política monetária relativamente apertada para a taxa básica de juros. Ou seja, de cautela na redução dos juros, até a realização de progressos no processo de aprovação de medidas fiscais no Congresso e maior convergência das expectativas de inflação para a meta do BC.

"Estamos todos a espera da tão sonhada recuperação da economia. Sabemos e temos consciência das dificuldades e sacrifícios que fizemos e teremos que continuar fazendo. Pagamos um preço alto com a inflação nas alturas, juros altos e desemprego em massa e renda em baixa. O trabalhador é quem mais está sofrendo neste momento e tem dado sua cota de sacrifício. Esperamos que a recuperação econômica venha rápida, mas que o governo também contribua cortando na própria carne e fazendo a lição de casa", enfatiza Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O comitê executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta terça-feira (15) que a economia brasileira pode estar perto de sair de uma forte recessão, mas enfrenta um longo e duro caminho de recuperação que depende da aprovação de reformas impopulares.

"O Brasil está pronto para sair de recessão profunda", disse o FMI nas considerações do relatório anual sobre o Brasil. O comitê executivo afirma, entretanto, que apesar dos esforços do novo governo para evitar uma crise fiscal, eles esperam uma recuperação gradual da economia brasileira, destacando que a atividade deverá permanecer "fraca por um período prolongado".

Os diretores elogiaram as medidas de controle das despesas apresentadas pelo governo, como a PEC do teto de gastos, mas destacaram a necessidade de medidas complementares como a de uma reforma da Previdência para a "consolidação fiscal para garantir estabilidade macroeconômica".

 

Projeções e riscos

Dados decepcionantes de produção industrial e consumo têm abalado as esperanças de uma recuperação mais rápida no próximo ano, com algumas autoridades do governo reduzindo suas projeções de crescimento de 2% para 1% em 2017, destaca a agência Reuters.

O FMI está ainda mais pessimista, com uma projeção de expansão de 0,5% no próximo ano (para 2016, a estimativa é de queda de 3,3%), após dois anos seguidos de queda na economia. As projeções feitas pelo fundo para a economia brasileira seguem as mesmas feitas em relatório de outubro.

 

 

Para o fundo, as perspectivas para o Brasil ainda estão sujeitas a riscos como incertezas políticas decorrentes da evolução das investigações de corrupção e da desaceleração do crescimento nos países emergentes, especialmente a China, o que têm provocado queda nos preços das commodities e trazido condições financeiras mais apertadas.

 

Efeito Trump

Uma forte valorização do dólar frente ao real desde a semana passada em meio a preocupações com uma mudança em políticas econômicas nos Estados Unidos após a eleição de Donald Trump para a Presidência norte-americana também levantou preocupações sobre a recuperação.

Segundo a Reuters, uma autoridade do FMI disse que ainda é muito cedo para medir o impacto de futuras políticas de Trump sobre o Brasil, mas que as amplas reservas do país e o regime de câmbio flutuante podem oferecer alguma proteção.

 

Taxa de juros

O fundo recomenda ainda que o Banco Central mantenha uma política monetária (de definição da taxa básica de juros) "relativamente apertada". Ou seja, de cautela na redução dos juros, até a realização de progressos no processo de aprovação de medidas fiscais no Congresso e maior convergência das expectativas de inflação para a meta do BC.

Após vitória de Trump, o mercado passou a estimar uma queda menor dos juros na última reunião do Comitê de Política (Copom) do Banco Central deste ano, marcada para o final de novembro. A expectativa agora é de uma redução de 0,25 ponto percentual - para 13,75% ao ano.

Esperanças de uma rápida recuperação haviam sido levantadas após Michel Temer assumir a Presidência em decorrência do impeachment de Dilma Rousseff.

Temer apresentou uma medida para limitar o crescimento do gasto público, em tramitação no Congresso Nacional, e prometeu rever o custoso sistema previdenciário do país.

Embora elogiem essas reformas, a maioria dos diretores do comitê do FMI acredita que o Brasil poderia se beneficiar mais acelerando a consolidação fiscal com medidas para aumentar a receita.

Entretanto, Temer disse que não planeja elevar impostos a menos que essas reformas não passem, o que ecoa a opinião de alguns diretores do FMI que alertaram que aumento de impostos pode precisar esperar até que a economia esteja em um passo mais firme.

O comitê foi unânime em suas preocupações sobre as fracas finanças dos Estados e municípios do Brasil. Muitos Estados brasileiros, incluindo o Rio de Janeiro, estão sofrendo para pagar seus funcionários e honrar suas dívidas.

 

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